O PSD votou contra o relatório final da comissão de inquérito ao Banif. Na reunião de quinta-feira, 28 de julho, decorreu um debate sobre várias propostas de alteração para o texto final, com o PSD - pelo deputado Carlos Abreu Amorim - a insistir nas críticas ao texto e a falar no "rolo compressor da maioria" de esquerda na "tentativa de camuflar a importância de documentos e factos", por exemplo.
O anúncio do voto contra dos sociais-democratas foi feito logo de manhã, em conferência de imprensa, pelo deputado coordenador do PSD na comissão de inquérito, Carlos Abreu Amorim.
O deputado apresentou ao relator cinco "pontos dissonantes" em torno do relatório, que abarcam áreas como a notícia da TVI de dezembro de 2015 - que o PSD diz ter tido mais influência que a proposta de relatório atesta - e a atitude do Governo, nomeadamente do ministro das Finanças, em todo o processo. Carlos Abreu Amorim entende que Mário Centeno sonegou informações numa postura de "não colaboração" com os trabalhos. "Esta comissão parlamentar de inquérito, apesar de tudo o que correu mal, valeu a pena. Mas este relatório não vale a pena", advogou Carlos Abreu Amorim, que disse não ter encontrado no relator "abertura" para incorporar as alterações pretendidas pelo PSD.
O coordenador dos social-democratas traçou ainda várias comparações com a comissão de inquérito ao BES, que "correu bem", numa altura que PSD e CDS-PP detinham maioria parlamentar.
O texto aprovado na comissão de inquérito segue agora para o Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e em setembro irá ainda ao plenário do parlamento.
Em 20 de dezembro de 2015, domingo ao final da noite, Banco de Portugal e Governo anunciaram a resolução do Banif, a venda de alguns ativos ao Santander Totta e a transferência de outros (muitos deles 'tóxicos') para a sociedade-veículo Oitante. A operação surpreendeu pela dimensão do dinheiro estatal envolvido, que no imediato foi de 2.255 milhões de euros, o que obrigou a um orçamento retificativo. A este valor há ainda que somar a prestação de garantias de 746 milhões de euros e a perda dos cerca de 800 milhões de euros que o Estado tinha emprestado em 2012 e que não tinham sido devolvidos.
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