O presidente do PSD defende que Portugal obteve um défice de 3% em 2015, pelo que o atual governo pode procurar "persuadir" a Comissão Europeia de que será capaz de "alcançar as metas" orçamentais. "Portugal não teve um défice de 3,2%. Portugal teve em 2015 um défice de 3%, se excluirmos o impacto que a decisão de resolução do Banif, que não foi tomada pelo anterior do governo, teve nas nossas contas. Isso é hoje muito claro", afirmou durante uma visita à Feira Nacional do Porco, no Montijo, 12 de maio.
O presidente do PSD, questionado se não existem motivos para sanções, espera que a interação entre o governo português e a Comissão Europeia seja esclarecedora nesse domínio. "Não vejo nenhuma razão, depois do esforço de recuperação orçamental que foi feito durante vários anos, por qualquer prisma que se olhe. A evolução das contas portuguesas foi muito elevada, porque foram tomadas muitas medidas que custaram muitos sacrifícios e permitiram essa recuperação", afirmou.
Pedro Passos Coelho manifestou a convicção de que o atual governo português tem condições para "persuadir" a Comissão Europeia de que vai conseguir alcançar os resultados desejados em 2016 e nos anos seguintes. "Existe do ponto vista da Comissão Europeia algumas dúvidas quanto aos resultados que será possível alcançar em 2016 e nos anos seguintes. Estou convencido de que o governo português tem condições de persuadir a Comissão Europeia de que será capaz de alcançar as metas a que se propôs, que o esforço vai continuar e que Portugal tem condições para ficar com um défice abaixo dos 3%", salientou.
O líder do PSD referiu ainda que desconhece qual o plano B do Governo e disse esperar que o primeiro-ministro venha em breve esclarecer essa matéria, recusando ainda a ideia que António Costa transmitiu de encarar as associações sindicais como "organizações criminosas". "Não tem razão de ser, porque não tenho tal visão. Nunca tive e não creio que venha a ter", disse.
Agricultura portuguesa é uma área “estratégica”
O líder do PSD saudou as medidas anunciadas pelo governo de apoio à suinicultura e aos produtores de leite, mas defendeu que é preciso "ir mais longe". "Vejo com muito bons olhos as decisões que o governo comunicou. Sabemos que o problema não se resolve apenas com apoios à tesouraria, mas também estes são importantes, apesar de precisarmos mais do que isso", adiantou.
O Governo aprovou a criação de duas linhas de crédito dirigidas aos produtores de leite de vaca cru e aos produtores de suínos, no valor de 20 milhões de euros.
Pedro Passos Coelho considera que agricultura portuguesa é uma área económica "estratégica para o país" e que nesse sentido é preciso intensificar as respostas que "do ponto de vista estrutural que o governo tem para oferecer". "Para os setores do leite e da suinicultura, é importante que exista uma estratégia global do governo, aliada à intervenção dos produtores, que promova uma solução duradoura. Além dos apoios à tesouraria, é preciso que exista uma ação mais efetiva na fiscalização", defendeu.
O líder do PSD frisou que também é necessária uma estratégia para os custos de produção: “É preciso que nos custos de produção exista também uma estratégia, senão estamos a dar apoios ocasionais de tesouraria, mas depois estamos a provocar agravamento de custos. Saudando as medidas, existe necessidade de ter uma estratégia e de ir mais longe.”