PSD
Governo destruiu 20 mil empregos
04 de Maio de 2016
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Em 1 de maio de 1886, realizou-se uma manifestação de trabalhadores em Chicago para reivindicar a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias e, que teve a participação de milhares de pessoas. Nesse dia, há 130 anos exatos, teve início uma greve geral nos Estados Unidos da América. Os protestos prolongaram-se e, no dia 4 de maio de 1886, dezenas de pessoas foram mortas pela polícia na sequência de confrontos entre manifestantes e as forças policiais. Cinco sindicalistas foram condenados à morte e três outros condenados a pena de prisão perpétua. Em Portugal, só a partir de maio de 1974 (o ano da revolução do 25 de Abril, que derrubou a ditadura) é que se voltou a comemorar livremente o 1.º de maio e este passou a ser feriado. Durante a ditadura do Estado Novo, a comemoração deste dia era reprimida pela polícia.
Para celebrar o 1.º de Maio/Dia do Trabalhador, o presidente do PSD esteve num jantar, organizado pelos Trabalhadores Social Democratas (TSD), em Viseu, onde alertou para o ritmo de desaceleração na criação de emprego, que tem sido preocupante. Passos Coelho recordou que de novembro de 2015 a fevereiro de 2016 se destruíram em Portugal mais de 20 000 empregos. “Não só temos verificado uma taxa de desemprego estabilizada, como os dados da criação de empego não são entusiasmantes. Porque é que o desemprego deixou de cair e porque é que se destruiu tanto emprego nos últimos quatro meses?”, questionou.
Pedro Passos Coelho alertou para a importância simbólica da data. “Havia condições para que o 1.º de maio fosse celebrado com confiança e esperança. Tínhamos tudo para pensar que 2016 seria um ano de crescimento, mas não creio que haja essa razão de celebração. Olho até com alguma preocupação. Se olharmos para os sinais, muitos não são positivos. A execução orçamental mostrou que a evolução da receita está muito longe daquilo que estava previsto”, afirmou o líder social-democrata.
Sobre a confiança dos consumidores, o líder do PSD afirmou que esta tem vindo a decrescer, em parte por causa do exercício de governação. Pedro Passos Coelho acusou o Governo de pouco estar a fazer para aumentar os níveis de confiança. Muito pelo contrário. “Assistimos a um exercício de governação que alguns caracterizam como muito habilidoso. Cada vez que ouço os membros do Governo explicar o Programa de Estabilidade só os ouço dizer o que não vai acontecer. Gastam imenso tempo a desfazer papões. Papões que ninguém criou, a não ser o próprio governo”, disse. “É difícil criar confiança quando não assumimos as políticas. No passado, tivemos de tomar medidas difíceis e dizíamos quais eram. Hoje em dia, quem ouve o Governo falar, fica com a convicção de que está tudo bem, mas para que tudo corra bem, nada está escrito. Podemos fazer perguntas, mas normalmente a maioria não responde.”
Na oposição, o Partido Social Democrata não faz birras nem espera que o Governo se demita. Da parte do PSD, os portugueses podem esperar que se peça contas a esta maioria, apesar de eles não as prestarem. O líder social-democrata afirmou que “estar na oposição não nos impede de dizer o que faríamos pelo país, como fizemos agora no Programa Nacional de Reformas. Para nós, o país precisa de uma segunda vaga de reformas estruturais. Os partidos da extrema-esquerda chumbaram tudo o que o PSD propôs, não se dignaram a discutir o assunto. O PS achou que ficava mal chumbar tudo, por isso absteve-se e aprovou umas quantas.” O Partido Social Democrata não está preso no passado e sempre teve a ambição de criar emprego e atrair investimento para Portugal. Uma ambição que não se vê na maioria.
Sobre a atual maioria, o presidente do PSD afirmou que pouco se sabe sobre o que aí vem: “em que impostos o Governo vai mexer? Como é que podemos esperar investimento se o Governo não esclarece como vai tratar a receita e a despesa? Porque é que o Governo só mostra respeito pela concertação social nas matérias sobre as quais não lhe dá jeito pronunciar-se? É muito difícil gerar confiança neste ambiente. Isto é uma desmobilização para as pessoas e para a economia”.
Pedro Passos Coelho afirmou ainda que a solução para o crescimento não passa por arrastar os problemas. O modelo que esta maioria está a seguir não responde verdadeiramente aos problemas do país, traduz sim “um modelo social e económico que já provou estar errado e que hoje nos vai penalizar de uma forma mais gravosa do que no passado. A obrigação deste Governo era fazer com que as empresas de rating que ainda nos dão uma má qualificação nos considerem atrativas para o investimento e não lixo”.
O presidente do PSD prosseguiu, com uma mensagem de alerta: “Estamos a seguir um modelo errado. Vamos ter um novo resgate? Não. Não tem de ser assim. Mas se continuarmos neste modelo económico teremos uma morte lenta. Andaremos a crescer 1%, 1,5% ou talvez 2%, com um desemprego elevado, e com as pessoas sem grande perspetiva de desenvolver o seu negócio porque o condicionamento social e económico se irá manter. Não foi para isso que trabalhámos. Não trabalhámos apenas para estar a tona de água. Temos o direito de ter uma economia mais forte, com emprego mais pujante e com maior segurança para as pensões dos idosos.”
Sobre o futuro, Pedro Passos Coelho espera que “em outubro ou novembro, quando discutirmos o Orçamento do Estado para 2017, que a maioria que nos governa assuma as responsabilidade pelas decisões que tomou até aqui, que nos fizeram perder emprego e ter os consumidores de pé atrás”. O líder social-democrata afirmou ainda que é importante não andar sempre em campanha eleitoral: “O PSD não tem de deitar abaixo o Governo porque não é assim que a democracia funciona. Essa é a mentalidade desta maioria. Sempre quiseram deitar abaixo o nosso Governo, mas a nossa lógica não é essa”.
“O país não é um brinquedo de políticos”, declarou o presidente do PSD, acrescentando que “quem governa tem de mostrar o que vale. Quando precisar de corrigir as decisões erradas para fazer crer que as pessoas podem viver na ilusão de ter mais do que a economia consente, a maioria tem de se mostrar adulta a aprovar as medidas necessárias”.
Pedro Passos Coelho terminou com uma mensagem para os TSD, dando-lhes motivação para seguir a ambição de querer fazer mais por Portugal. “Os trabalhadores já provaram que sabem enfrentar a realidade e vencer as dificuldades. Temos de retribuir o reformismo necessário para que as perspetivas melhorem para futuro. Tenho a certeza que os TSD têm essa ambição, porque são feitos da mesma massa do PSD, que sabem projetar a dignidade no futuro”.

Em Viseu: “Governo gasta imenso tempo a desfazer papões”
O líder do PSD acusou ainda o Governo de perder imenso tempo a desfazer os "papões" que vai criando, incutindo assim nos portugueses a ilusão de que com isso o país está "a ganhar imensas coisas". "Normalmente os membros do Governo gastam imenso tempo a desfazer ‘papões’ que ninguém criou a não ser o próprio Governo. Durante semanas o Governo faz chegar à comunicação social as informações mais dramáticas e depois aplica-se, nas semanas seguintes, a desmenti-las e acha que com isso ganhou imensa coisa", alegou.
Na intervenção do jantar promovido pelos TSD, Passos Coelho apontou como exemplo a forma como o Governo abordou a questão do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA). "Poupou-se o aumento do IVA como se alguém tivesse pedido o aumento do IVA, preparam-se para dizer que vão poupar multas europeias, mas já ouviram a Comissão Europeia ameaçar com multas? Hoje um jornal fala nas multas em que ninguém tinha ouvido falar e daqui a uns dias ou semanas temos o Governo a dizer que salvou o país das multas e que é uma coisa muito importante", referiu.
Ao longo de mais de meia hora, o líder social-democrata aludiu ao Programa de Estabilidade, sublinhando que o Governo só diz "o que não está lá" em relação ao IVA, ao Imposto sobre o Rendimento Singular (IRS), a salários e pensões. "Mas depois não sabe porque não está lá, o que deve garantir, segundo o Governo, a descida da despesa pública e o aumento da receita. O Programa de Estabilidade diz que a receita vai aumentar muito e a despesa vai baixar para um nível tal que não há nenhum país na OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico] que tenha com percentagem do PIB uma despesa tão baixa do Estado, mas então a gente pergunta como vai fazer isso?", questionou.
No seu entender, é muito difícil um Governo criar confiança quando não assume as próprias políticas a seguir. "Nós no passado, infelizmente, tivemos de dar a cara por essas políticas difíceis: não andámos a dourar a pílula. Era preciso tomar medidas difíceis e nós tomámo-las e dizíamos quais eram", acrescentou.
De acordo com Passos Coelho, quem ouve o Governo e a maioria falar "fica com a convicção de que tudo vai correr muito bem". "Mas tudo o que é importante para que corra bem não é dito, não é escrito, nem comunicado aos portugueses, nem vem em nenhum anexo esconso ou em discurso direto", concluiu.

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