Atualidade
A herança do Madiba vista de Portugal
20 de Dezembro de 2016
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Chocou-me profundamente a morte do maior ícone político da nossa geração, Nelson Mandela, ocorrida há três anos atrás.
O mundo perdeu um lídimo defensor da democracia e dos direitos humanos, o seu país um amado estadista e a sua família um guardião afetuoso e sábio.
Keitumetse Mathews, embaixadora da África de Sul, desafiou-me a mim e ao povo português para promover a herança de Mandela dentro e fora da minha terra.
Para me motivar, lembrou-me que a herança do Madiba importa a todos aqueles que aspiram a um mundo com mais paz e prosperidade, e não apenas ao povo sul- africano.
Lembrou-me que não bastam tais aspirações. O que Mandela nos ensinou é que é preciso ação.
Mandela acreditava que são os nossos atos de compaixão que nos permitem crescer e desenvolver-nos enquanto seres humanos.
Nenhum ato é pequeno demais, seja visitar um idoso solitário, seja oferecer-se para fazer compras a alguém que não possa sair de casa seja ajudar quem é portador de deficiência.
Na verdade, atos pequenos têm grandes resultados para o destinatário, a sua família e a sua comunidade.
Ele ensinou que uma pessoa só o é por causa das outras pessoas.
Esta crença ecoa a minha própria visão acerca da comunidade e do voluntariado e assim, quando a Embaixadora iniciou o diálogo com o meu gabinete acerca do modo de comemorar o Dia Internacional de Mandela, houve um encontro natural de perspetivas.
Começámos devagar, a ampliar um trabalho existente na Embaixada da África do Sul para reconhecer e apoiar o trabalho de um convento em Lisboa que providencia alimento para os sem-abrigo.
O modo como todas as pessoas envolvidas abraçaram genuinamente o nome de Mandela convenceu-nos do seu legado duradouro.
O povo português procurou promover ativamente o legado de Mandela.
Não contente com os 67 minutos de ação comunitária durante a comemoração anual do seu nascimento, Nelson Mandela lançou em Março de 2011 as “Segundas de Mandela” para encorajar voluntariado consistente em todas as semanas do ano.
Em maio de 2011, Portugal foi o primeiro país depois da África do Sul a abraçar esta importante iniciativa. Foi lançada em Lisboa, tendo o campeão olímpico de judo Nuno Delgado sido escolhido pela Fundação Nelson Mandela como embaixador Mandela no desporto.
Em julho de 2013 o Centro de Diálogo para a Justiça da Fundação Nelson Mandela organizou uma conferência em Setúbal para dar esperança e conhecimento a jovens socialmente carenciados. Um efeito adicional da conferência foi uma proposta de protocolo para a resolução de conflitos por parte de organizações comunitárias, sindicais e de juventude.
Na sexta-feira passada, o Hospital Nelson Mandela para crianças tornou-se realidade em Joanesburgo.
É particularmente gratificante saber que os portugueses contribuíram generosamente com os seus donativos para essa grande causa.
Claro que é preciso fazer muito mais para promover o legado do Madiba através de um diálogo consequente e da ação pessoal para a mudança.
Por tudo isto é que Portugal pode ajudar a que o legado de Mandela perdure nos termos em que ele teria querido e também aspirar a tornar-se um promotor chave desse legado.


Nota: a versão inglesa deste artigo de opinião foi publicada no “City Press” de 4 de dezembro de 2016.

Por Pedro Passos Coelho


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