A ideia de Francisco Sá Carneiro sobre o que deve ser o espaço de afirmação das liberdades públicas e o lutar pelo bem comum mantém-se "como raiz identitária" do Partido Social Democrata. No final de uma cerimónia evocativa da morte de Francisco Sá Carneiro realizada em Viseu, 4 de dezembro, Passos Coelho declarou não ter dúvidas de que, ao longo dos tempos, o PSD "foi, no essencial, fiel" ao legado do seu co-fundador.
"A frase de Sá Carneiro, de que primeiro vem Portugal e só depois os partidos e cada um de nós, é uma visão que foi decisiva para moldar o comportamento do PSD ao longo de todos estes anos", frisou, em declarações aos jornalistas, junto à estátua do antigo primeiro-ministro (falecido em 04 de dezembro de 1980), onde depositou uma coroa de flores.
Pedro Passos Coelho referiu que, atualmente, Portugal está melhor do que em 1974, encontrando-se "integrado nos países que na altura representavam para Portugal um modelo de democracia, de bem-estar social, de liberdade".
"Hoje a própria Europa está à procura de se reencontrar num projeto de futuro, que não seja só um projeto de liberdade, de paz e de bem-estar, que possa também responder a desafios importantes que têm de ver com a sua relação com o mundo, com o Mediterrâneo, com o Médio Oriente, com a globalização, com as transformações sociais e económicas que se vivem", afirmou.
O líder do PSD considerou que Francisco Sá Carneiro "moldou muito aquilo que é a maneira de estar" do partido, que se implantou "muito de acordo com aquilo que as pessoas, de um modo geral", pensavam dele.
"Foram anos breves, mas particularmente intensos, de afirmação da democracia, do projeto democrático em Portugal, para o qual ele contribuiu de uma forma decisiva e também para uma visão do PSD, que permaneceu ao longo de todos estes anos, que não soma as visões mais egoístas seja do eleitorado, seja das corporações, seja das classes sociais", acrescentou.
O PSD “assumiu-se como um partido interclassista, que, de acordo com esta visão original de Sá Carneiro, olha para a sociedade portuguesa e para o país e procura sempre avaliar o que é o interesse comum, o bem comum, e trabalhar para ele".
"Temos que ter a capacidade de olhar para aqueles que estão à nossa volta e de ver além dos nossos interesses mais imediatos. E esse foi o grande legado do dr. Sá Carneiro, na fundação do nosso partido, mas daquilo que é também uma maneira de estar na política e de ver a sociedade", sublinhou.
PSD e CDS-PP assinalaram 36 anos da morte de Sá Carneiro e Amaro da Costa
Os presidentes do PSD e do CDS-PP, Passos Coelho e Assunção Cristas, assinalaram no domingo os 36 anos da morte de Francisco Sá Carneiro e de Adelino Amaro da Costa, com cerimónias em Viseu e Lisboa, respetivamente. Em Lisboa, pelas 10h00, decorreu uma missa evocativa da morte de Francisco Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa e restantes passageiros do avião que se despenhou em Camarate, na Igreja da Basílica da Estrela, na qual estiveram presentes dirigentes nacionais do PSD e CDS-PP.
Pelas 11h00, decorreu também uma missa evocativa da morte de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa em Viseu, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, com a presença de Pedro Passos Coelho, presidente do PSD, e dirigentes nacionais do CDS-PP.
A 04 de dezembro de 1980, Francisco Sá Carneiro, então primeiro-ministro, e Adelino Amaro da Costa, ministro da Defesa, faleceram na queda do avião Cessna em que seguiam para o Porto, assim como a tripulação e restante comitiva: Snu Abecassis, Manuela Amaro da Costa, António Patrício Gouveia, Jorge Albuquerque e Alfredo de Sousa. A queda do avião onde viajavam Sá Carneiro e Amaro da Costa motivou a realização de dez comissões parlamentares de inquérito.