O presidente do PSD considera que o Governo tem que dar “explicações cabais” ao país sobre o que consta nos planos de recapitalização e de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Pedro Passos Coelho, que visitou no domingo, 23 de outubro, o Festival Nacional de Gastronomia, que decorre na Casa do Campino, em Santarém, até dia 01 de novembro, reagia a uma carta do presidente da Caixa Geral de Depósitos, António Domingues, publicada na imprensa.
Para o líder do PSD, “explicações cabais vão mesmo ter de ser dadas ao país. (…) Depois daquilo que veio a público, ou o plano de recapitalização não teve informação adequada e é uma mistificação política, e então o presidente da Caixa perdeu uma boa oportunidade para estar calado, ou então teve acesso a informação e não está a desmentir o que eu disse. Nesse caso é preciso começar a responder perante o parlamento e perante os portugueses sobre o que é que se passou, o que é que consta desse plano de recapitalização e do plano de reestruturação da Caixa”, declarou.
Sublinhando que o atual presidente da CGD já negociou antes planos de recapitalização de um banco com a Direção-Geral da Concorrência, Passos Coelho afirmou que essa negociação exige informação para além do balanço e dos dados que são públicos.
“Se é para andar a atirar areia para a cara das pessoas, não valia a pena estar a pagar aos novos administradores o dobro do que pagavam aos anteriores. É um mau começo”, disse, sublinhando que não é possível negociar um “plano de recapitalização sem pelo menos deter informação sobre a carteira de clientes e a carteira de ‘trading’ de um banco”.
O presidente do PSD pediu “seriedade” quando se está a “falar de muito dinheiro público, dos contribuintes portugueses, que vai ser afeto à recapitalização” da CGD.
No seu entender, ou o plano que foi negociado em Bruxelas com base no trabalho do atual presidente da CGD não teve acesso à informação adequada - “e nesse caso significa que é uma mistificação política” e outro terá de ser feito -, “ou então foi feito e é fundamental explicar que tipo de informação é que foi usada, ou não, e de que maneira é que foi feito esse plano de recapitalização”.
Para Passos Coelho, depois da carta de António Domingues, é preciso responder no parlamento “sobre o que é que se passou, o que é que consta desse plano de recapitalização e do plano de reestruturação da Caixa”.
Passos Coelho reafirmou o seu entendimento de que todo o processo da CGD foi “mal conduzido desde o início” e “constituiria um manual de más práticas”, pedindo que seja explicado “muito bem o que se vai fazer” antes de ser injetado dinheiro público no banco.
“Se já negociaram tudo, se têm um plano, qual é o problema, porque não respondem [ao parlamento]? Devem responder, com transparência”, declarou.
Passos Coelho notou os “danos que já foram observados, nomeadamente em outros bancos, por notícias que não são desmentidas” e que no seu entender “continuam a apontar para uma sobrecapitalização” da CGD.