O PSD não tem pressa em regressar ao Governo", porque Portugal é mais importante do que "salvar a pele" ou um obter “resultadozinho" nas eleições. "Verdadeiramente importante não é termos pressa de regressar ao poder, ao Governo, para nos desforrarmos, para voltarmos a ser o que já fomos, isso não interessa nada", afirmou o presidente social-democrata, no encerramento da Universidade de Verão do PSD, dia 4 de setembro, em Castelo de Vide.
Sublinhando que é sempre preciso escolher o que a cada um parece certo, Pedro Passos Coelho garantiu que ninguém ouvirá o PSD dizer "que se lixe o país, o que é preciso é salvar a pele", porque para o PSD "o que importa é o país e os portugueses".
Falando perante cerca de 100 jovens que frequentaram a Universidade de Verão do PSD, entre 29 de agosto e 4 de setembro, Passos Coelho lembrou quando, em 2012, disse "que se lixem as eleições", explicando que na altura quis dizer por "palavras simples" que se preocupava mais em salvar o país do que em salvar a sua "pele" e nos resultados eleitorais do partido.
"Se as duas coisas forem conciliáveis tanto melhor, mas se tiverem de escolher entre aquilo que vos parece firmemente certo e um resultadozinho na eleição seguinte, escolham sempre aquilo que vos parece inteiramente certo", aconselhou.
Passos Coelho esclareceu que não será "cúmplice de uma solução em que o país tenha de passar por novos sacrifícios". "Não venham no futuro, aqueles que hoje tomam as decisões, vir responsabilizar pelos resultados os que chamaram a atenção para os erros que estavam a ser cometidos", disse, insistindo que espera que, quem governa, o faça a pensar no futuro.
Recusou ainda seguir pelo caminho dos "ataques pessoais", advogando que acusações de natureza pessoal não devem estar no debate político: "Às vezes parece que podia ser justo que eles provassem do seu próprio veneno, porque muitas vezes eles nos fizeram isso no passado".
O líder do PSD entende que a atual solução governativa está condenada ao "fiasco e ao fracasso", sublinhando que PS, BE e PCP apenas se entendem para gerir o dia-a-dia e qualquer reforma provoca desentendimentos. "Esta solução está condenada ao fiasco e ao fracasso. Porquê? Porque não tem capacidade reformadora, se tiverem de reformar alguma coisa desentendem-se todos, não há apoio para o fazer", afirmou.
Referindo que o Governo socialista apenas consegue apoio dos seus ‘parceiros' para desfazer reformas feitas pelo anterior executivo de maioria PSD/CDS-PP, anteviu que o executivo de António Costa até pode chegar ao final da legislatura, mas não conseguirá "gerar um grama de expetativa positiva sobre o futuro". "Esta solução de governo está esgotada, concentra-se no curto prazo, no imobilismo", vincou, insistindo que é necessário arrepiar caminho.
"Não vale a pena vir com espantalho da austeridade, a austeridade foi iniciada pelos socialistas em 2010", frisou.
"De que é que precisamos? De leis que estejam hoje mais voltadas para proteger os direitos adquiridos ou de leis que estejam orientadas para responder às necessidades de quem ainda não entrou no sistema, de quem não beneficiou ainda dos privilégios que foram distribuídos no passado? Se queremos ter futuro temos de perguntar a cada um dos instalados de hoje se quer pensar no dia-a-dia ou se quer pensar no futuro dos seus filhos e dos seus netos", sustentou.
Numa intervenção de quase uma hora, Passos Coelho voltou ainda ao tema dos resultados económicos, lembrando que os resultados mostram que apesar do Governo estar a devolver rendimentos "a um ritmo acelerado" o consumo não está a crescer ao ritmo esperado e o investimento está a "cair a pique", enquanto a economia cresce muito menos do que o esperado, regressando ao ritmo de 2014.
O líder do PSD alertou ainda para a necessidade de avançar com reformas na saúde, educação, segurança social e sistema de pensões, recusando um país "fechado sobre si próprio", que olha apenas para o mercado interno que "é pequenino". "Não podemos ser protecionistas, discriminar investidores, dividi-los entre filhos e enteados", defendeu.