O líder parlamentar do PSD considera que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) representa um "momento difícil", mas defendeu que a decisão dos britânicos não deve colocar em causa o essencial do projeto europeu. "É a expressão soberana da vontade dos britânicos e tem de ser respeitada como tal, o projeto de construção europeia assentou sempre na salvaguarda da soberania dos povos e dos Estados membros", afirmou o presidente da bancada do grupo parlamentar social-democrata, Luís Montenegro, no parlamento.
Falando na União Europeia como um espaço de "paz, solidariedade e prosperidade europeia", Luís Montenegro sublinhou a necessidade de Portugal continuar a ter um papel ativo e contribuir para que os efeitos positivos dessa realidade se reflita na vida das pessoas. "É isso que está na génese da nossa participação no processo de construção da Europa e é isso que nós temos de reforçar a partir deste momento difícil que é a saída do Reino Unido, mas que não deve colocar em causa o essencial deste projeto que tem agora naturalmente de se adaptar a esta nova realidade", defendeu.
Questionado sobre as consequências para Portugal da saída do Reino Unido da União Europeia, o líder da bancada do PSD falou "num plano mais transversal", que é o papel do país no processo de construção da Europa, do reforço do sentido de salvaguarda da prosperidade económica e também do bem estar social.
Por outro lado, acrescentou, há um "plano mais interno" que tem que ver com o contributo de Portugal em termos da sua prestação orçamental e financeira. "É preciso enfatizar que nós estamos sobretudo dependentes de nós próprios, os riscos que impendem sobre Portugal, nomeadamente na política orçamental e na política económica são riscos de natureza interna", referiu, considerando que Portugal não deve, com o caminho que tem seguido, acrescentar problemas à sua afirmação como uma das partes de construção de uma Europa unida.
"É evidente que a política económica que o Governo tem seguido e a política financeira têm exposto Portugal a uma situação de vulnerabilidade maior que deve ser evitada", acrescentou, falando numa estratégia económica "que é muito vulnerável" do ponto de vista financeiro, não é atrativa para o investimento e, com isso, coloca em causa a capacidade de Portugal cumprir os tratados e os acordos que estabeleceu.
Luís Montenegro considerou ainda que é altura de em Portugal se fazer um debate "sério e profundo", sobre o papel do país no processo de construção europeia e sobre o caminho que tem de ser percorrido para "não trazer para Portugal riscos desnecessários, vulnerabilidades desnecessárias".